14 de maio de 2014

Viagem de estudos a Istambul e um pé na Ásia - Parte 2

Continuando, porque a vida é curta, o tempo passa rápido e a primavera já está quase acabando!


Dia 3 - Superpool + Levent
Superpool
Para fingir um pouco que a viagem era mais a estudos do que a turismo, fomos visitar o escritório de arquitetura Superpool, cujo um dos associados é conhecido de um dos meus professores. Tivemos uma palestra sobre o trabalho deles e foi bem interessante, apesar de um pouco desanimados também.   Como eu já disse no post sobre as exposições, a crise afetou bem feio o mercado de arquitetura na Europa. Por conta disso, muitos escritórios de arquitetura não possuem muitos (ou nenhum) projetos em construção e acabam trabalhando só para concursos e projetos pessoais - como estatísticas e mapeamento, sem que ninguém tenha pedido. Eu a principio achei bem interessante, mas o dono do Superpool não parecia muito feliz quando falava sobre essas dificuldades. Apesar de eles terem ganhado alguns concursos bem importantes, a maioria não foi e nem vai ser construído. É, acho que a arquitetura só dá dinheiro mesmo para poucos arquitetos estrelinhas ou quando se vende a alma pras construtoras e empreendedoras...




Levent
Levent é o bairro de negócios de Istambul. Me lembrou muito a região dos Castelo, no Rio, ou São Paulo em geral. Prédios enormes e afastados, ruas largas e rápidas para carros, shopping centers e obras pra todos os lados. Dá pra chegar lá de metrô ou de taxi mesmo.





Kanyon Shopping Mall
Acho que só arquiteto mesmo pra ir a Istambul e visitar shopping. Mas o shopping era mesmo lindo! Um pouco parecido com o Guggenheim de Nova York, tinha vidros curvos lindos - e caros - por todos os lados, com detalhes muito interessantes.









Istambul Sapphire
Esse é o Empire State Building de Istambul. É o prédio mais alto da cidade e tem uma vista sensacional lá de cima. A cidade não acaba nunca! A variedade de texturas e configurações urbanas é incrível, tem de tudo. E no meio de cada uma, uma mesquita. Muito interessante como que as mesquitas estão realmente presentes na malha urbana e se destacam das outras edificações bem de longe. Acho que isso deve ter a ver com a necessidade de se saber o para que lado está Meca na hora das orações.









Banho Turco - Hamman
Uma das melhores partes da viagem disparada. Queria ter voltado lá mais um dia, mas não deu tempo! Os banho turcos, a principio, eram os locais onde as pessoas iam tomar banho. Hoje funciona mais como um spa. Os homens e as mulheres ficam separados, como sempre, e nesse que nós fomos era 70 liras por 30 min de massagem. E é massagem sem segundas intenções mesmo, até porque você é sempre atendido por alguém do mesmo sexo. Todo o processo é como um ritual. As mulheres ganham uma toalha e um chinelinho (acho que pode usar o próprio chinelo também) e, teoricamente, tem que tirar a roupa. A maioria fica de calcinha ou biquíni, mas nem adianta ir com a parte de cima porque você acaba tendo que tirar. Primeiro elas - as mulheres que tomam conta de lá - fazem você ir no banheiro fazer xixi. Achei muito engraçado isso, mas faz sentido, né.

O primeiro passo, então, é a sauna. Fica lá dentro até alguém te chamar - ou, no meu caso, se sentir sufocada e pedir pra sair. Depois vem uma mulher turca baixinha e te pega pela mão e te manda deitar numa pedra quente no meio da sala. Aí começa a parte que eu mais gostei, que foi a "esfregação", ou esfoliação, onde ela esfrega você TODA com uma esponja meio áspera. Depois disso ela te enxagua e te lava TODA com sabão, fazendo massagem ao mesmo tempo. Muito bom também. Depois você levanta da pedra quentinha e vai para umas pias que tem água quente e fria. Eu odeio água escorrendo no meu rosto e fiquei muito agoniada nessa hora, porque ela lava seu cabelo - com um shampoo bem bom e cheiroso! - e enxagua sua cabeça milhões de vezes com uma tigela com água. Depois vem a piscina gelada, que não deu pra ficar mais de 5 minutos, e de novo sauna. Uma água quente pra terminar e fim. :)

A experiência é muito boa e eu recomendo altamente. Esses banhos turcos vem dos banhos romanos, então tem em outras partes da Europa também. Tem que lembrar de levar uma muda de roupa e uma escova de cabelo. Toalha eles dão uma nova depois pra se secar.

Dia 4 - Eminönü + Bazares
Mesquita Süleymaniye
Essa mesquita fica bem no centro de Istambul. Muita mais vazia do que a Mesquita Azul, no sentido de turista, mas muito bonita também.





Bazares e Eminönü
Eu esperava que o Grand Bazar fosse algo mais local, mas é incrivelmente turístico. No entanto, é um ótimo lugar pra comprar lembrancinhas. Tem um monte de loja do lado de fora do bazar, onde geralmente é mais barato, mas também não dá pra esquecer que o grande segredo de se comprar nesses bazares é pechinchar! Eu consegui muito desconto em quase tudo o que eu comprei. A dica que nos deram foi sempre oferecer metade do preço de primeira e depois ir negociando. Muitas vezes dá pra comprar com mais de 50% de desconto. :)

No bazar também vendem de tudo. Muita coisa falsificada, muitas echarpes e lenços lindos - seda, caxemira, linho... -, lembranças de turista, bijuterias, bolsas, roupas, couro, peles, ouro (!!) e comida! Dá pra ir passando de loja em loja de manjar turco e provar um pouco de cada! Também vendem especiarias e temperos, mas muita gente que comprou os mais baratos falaram que não eram bons - quem comprou os mais caros gostou, enfim. Sobre o bazar em si, é bem labiríntico. As galerias se parecem muito e é meio difícil marcar uns pontos de referência. Eu acho que gastei umas boas duas horas por lá, o que nem foi o suficiente para ver tudo.




A área em volta dos bazares parece muito com o Saara, no Rio. Muito MESMO. É um monte de mercadoria pendurada nas janelas, dispostas nas ruas, gente carregando caixa de um lado pro outro... Tem até a "lanchonete" da esquina que vende um delicioso e suspeito suco feito na hora - no caso, de romã com laranja, delícia! E o mais engraçado é que é separado em setores. Tem ruas que só vendo coisas de plástico, itens de cozinha, coisas de metal, brinquedos, roupas, peças de carro, material de pesca, fantasias, etc. Bem perto dessas ruas - mas não tão perto do Grand Bazar - fica o Bazar de Especiarias. Teoricamente, é um lugar para comprar especiarias (dã), mas acaba sendo mais uma versão menor do Grand Bazar.







Mesquita Rüstem Pasha
O mais interessante dessa mesquita é que ela é, literalmente, enfiada no meio das lojas. Na verdade, elas foi construída em cima de lojas (ou construída com lojas em baixo dela). A entrada é super escondida e não tinha mais ninguém lá quando a gente foi. No entanto, achei ela muito charmosa e bonita. Bem menor do que as outras que nós fomos, a azulejaria é linda demais. Esse sim devia ser chamada de mesquita azul! É um bom descanso entre uma compra e outra, ainda mais com o terraço que dá pra rua. :)




Mesquita Yeni - Mesquita Nova
A última mesquita da viagem, para mim, foi a Mesquita Nova. Ela fica bem próxima da mesquita anterior, da ponte de Gálata e das barcas. Essa mesquita também é muito bonita e foi a única que eu realmente vi gente orando (ou rezando?) Do lado de fora dessa mesquita tinham mas casinhas como gente pedindo esmola. Eu não entendo bem a cultura islâmica, mas parece que no Alcorão prega-se que deve-se dar esmola de acordo com o quanto você ganha. Vários idosos e mães com crianças pedindo dinheiro... E também muitos pombos e gente alimentando os pombos. Vai entender.





Dia 5 - Lado Asiático
Área de Kadiköy
No último em Istambul, nós pegamos a barca e fomos ao lado asiático da cidade! O passeio de barca é uma ótima alternativa se você, como a gente, não teve tempo pra fazer um passeio de barco propriamente dito pelo estreito. A viagem dura uns 10 minutos e é bem bonita, com direito a gaivota acompanhando a barca e vista panorâmica da cidade.










 A área se chama Kadiköy e, apesar de ter um centrinho comercial, é maioritariamente residencial. É onde a maior parte das pessoas mora - porque é bem caro morar na parte europeia - e tem um quê de subúrbio carioca. Andamos até um parque - que eu não consegui achar o nome... - e depois ficamos andando ali pelo centro comercial. As ruas, novamente, eram temáticas. Rua Feira, Rua Antiguidades, Rua Tênis Falsificados, Rua Restaurantes. Vale muito a visita, ainda mais porque a gente dá aquela pisadinha básica na Ásia. :)












Studio X
Para terminar nossa viagem de estudos, tivemos uma palestra do nosso professor, Charles Bessard. Assim como o Rio, Istambul também tem um Studio X! É basicamente um espaço cultural e de trabalho para arquitetos. O prédio era muito bonito e a palestra, que era pública, estava lotada. Foi muito interessante. Em geral, foi sobre o trabalho do Charles, mas boa parte dela foi dedicada a essa pesquisa que ele fez junto com o escritório dele. Dá uma clicada no link e veja o vídeo (em inglês), vale muito a pena. :)



Comidas
Eu já falei que a comida era muito boa, mas aqui ficam umas fotos pra deixar com água na boca. Além das comidas árabes que a gente conhece, a comida típica de lá é essa pizza em forma de olho (antepenúltima foto). Além dos restaurantes e bares, tem muita barraquinha de rua vendendo comida. Tem castanha - aquelas de Natal -, milho verde, pães e outras coisas que eu não entendi o que eram. Um pouco suspeito, mas nada pra quem já comeu em algo parecido no centro do Rio.




Guia
O pessoal da minha turma organizou esse guia, com os dias e os lugares de visita. Nós não chegamos a fazer tudo - boa parte era opcional -, mas achei que valia a pena colocar aqui pra quem quiser ter uma cola na hora de organizar uma viagem pra lá. :)



Conclusões

Foi muito engraçado - e interessante - ver a reação dos estudantes escandinavos e europeus quanto ao tamanho da cidade e a quantidade de gente nas ruas. Eu, sinceramente, me senti muito mais em casa lá do que em Copenhagen. O centro no final da tarde era uma grande Uruguaiana e o trânsito era à lá Rio de Janeiro também - faixa de pedestre e sinal pra que, né.

Pra se ter uma noção das semelhanças e diferenças, eu até fui procurar uns dados:
Copenhagen tem 550 mil habitantes.
A Dinamarca toda chega a somente 5,6 milhões de habitantes.
O Rio de Janeiro tem 6,4 milhões de habitantes.
Já Istambul tem 13,1 milhões de habitantes - pra se ter noção, São Paulo tem 11,8 milhões.

Apesar  de Copenhagen ainda ser a mais densa - com 7 400 hab/km2 contra 7100 hab/km2 de Istambul - a capital da Turquia ainda me pareceu muito mais abarrotada de gente do que qualquer dia de sol no verão pode fazer em Copenhagen.

Além de muita gente, tinha muito cachorros e gatos nas ruas - coisa que eu não estava mais acostumada a ver depois de vir pra Dinamarca. Incrivelmente, me pareceu que no lado europeu só tinha gatos e todos os cachorros estavam no lado asiático.

Por fim, eu adorei Istambul. Quero muito voltar à Turquia e explorar outros lugares, como o litoral e as paisagens naturais lindas que tem por lá. Definitivamente, vale a visita! :)

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