29 de abril de 2014

Viagem de estudos a Istambul e um pé na Ásia - Parte 1



Foi ainda no ano passado que os professores começaram a decidir com a turma onde ir na nossa viagem de estudos. Na KADK, viagem de estudo é coisa séria. Eles sempre tentam escolher lugares super interessantes e diferentes. Nos últimos dois anos a minha turma foi a Portugal e ao Japão (!) e esse ano outros departamentos foram para Califórnia, Nova York e Israel. A princípio, as opções eram Los Angeles, Istambul, Berlim e Brasil - o que eu fiz logo questão de tirar da lista, por conta da Copa do Mundo e porque, obviamente, eu não ia voltar pro Brasil pra uma viagem de estudos. Acabou que Istambul ganhou e um time muito eficiente de alunos ficou responsável por organizar toda a viagem!

No total foram 5 dias de viagem. Ficamos em um hostel bem legal, o Bada Bing (pois é, hahaha), que tinha o melhor café da manhã de hostel que eu já vi! Sério, era incluso na diária e era praticamente à la carte - a melhor french toast que eu já comi na vida. Fomos para lá com a Turkish Airlines, que também foi excelente, com direito a refeição e manjar turco de sobremesa! A passagem comprada com antecedência também foi bem barata, 1500 DKK - cerca de 600 reais - ida e volta.

Chegando no aeroporto de Istambul é bem fácil ir para o centro. O taxi, de dia, não é caro, cerca de 40 liras - a Lira Turca vale quase o mesmo que o Real. Ou então é só pegar o metro e depois um bonde para o centro - cada passagem custa 3 liras. O bonde, aliás, é top de linha. Tem ar condicionado, as estações são super organizadas e o "bilhete" é uma moedinha vermelha de plástico, um ótimo e barato souvenier. :)

Um dos motivos em que os professores escolheram Istambul foi por causa das camadas históricas da cidade. Acabou que, no final, a presença dos professores não fez muita diferença e foi mais uma viagem para relaxar e conhecer um lugar novo do que uma viagem de estudos propriamente dita - não tivemos que fazer nenhum relatório e nenhuma tarefinha chata, por exemplo.

Tirando o fato de ter muita gente lá, Istambul também é uma cidade muito barata para se comer e até fazer compras. A comida é maravilhosa - carne e pão árabe todos os dias com manjar turco de sobremesa - e é muito fácil de achar lugares com comida típica pra comer.

Dia 1 - Sultanahmet - Cidade Antiga
Mesquita Sultan Ahmed - Mesquita Azul
A Mesquita Azul é uma das mais famosas de Istambul e fica nessa área chamada Sultanahmet, que é a cidade antiga. Bem fácil de chegar de bonde ou a pé. Logo em frente fica a Hagia Sophia, que agora é um museu, e um jardim lindo!

Foi a primeira que nós visitamos e acabou sendo a minha favorita a viagem inteira. O interior é simplesmente lindo, detalhes de azulejaria perfeitos! E toda colorida - ela não é exatamente toda azul, como eu esperava - e cheia de detalhes, o que só me fez gostar mais dela. Apesar de todas as aulas de história da arte e da arquitetura, a gente não realmente conecta os pontos até visitar certos lugares. Vendo o trabalho nos azulejos, o branco com azul, os padrões, os ornamentos,  os muxarabis... Tudo isso fez a arquitetura portuguesa e consequentemente brasileira fazerem muito mais sentido para mim. Esse tipo de conexão, que acaba sendo criada entre você-história-lugar é o que realmente a gente tira dessas viagens.

Tem alguns detalhes importantes quando se visita mesquitas:
1) As mulheres tem que usar lenço. Pode ser uma echarpe enrolada na cabeça mesmo e eles geralmente tem para emprestar na hora, mas é melhor levar a sua. 
2) Tem que tirar o sapato. Muitas vezes eles te dão uma sacola de plástico, então você pode ficar carregando eles contigo, mas às vezes tem que deixar numa prateleira do lado de fora. O dia de visitar mesquita não é um bom dia para usar suas meias lindas de bolinhas coloridas, experiência própria. 
3) As mesquitas fecham para visitação durante as horas de oração. Elas ocorrem cinco vezes ao dia - alvorada, meio dia, tarde, crepúsculo e noite - os horários exatos mudam ao longo do ano, mas é bem fácil de saber quando começa a oração, pois, de praticamente todos os lugares da cidade, dá para ouvir o "chamado" vindo das mesquitas.






Museu Hagia Sophia
Diferentemente de várias pessoas da FAU que tiveram aulas lindas e inspiradoras sobre arquitetura bizantina, as minhas foram meio. Eu sabia que a Hagia Sophia era importante, por causa da transformação de catedral para mesquita, por ter um domo incrível e ser um símbolo da arquitetura bizantina, mas eu sinceramente não sabia muito o que esperar. Mesmo com todos os andaimes por causa das obras de restauração, a sensação de estar lá dentro é sensacional. Só de pensar em tudo o que aconteceu ali, desde a época em que Istambul era Constantinopla, é muito incrível. Faltou, para mim, um tour guiado, porque eu saí de lá com a sensação de que não captei todos os mistérios e história da catedral-mesquita-museu. É, não rolou a mesma conexão.



 



Cisternas da Basílica
As Cisternas da Basílica eram, como diz o nome, uma das cisternas que abasteciam de água a cidade. Foi um dos meus lugares favoritos também, principalmente porque é uma coisa que você nem imagina vendo do lado de fora. A estrutura é toda de colunas que, dizem por lá, foram trazidas de várias partes diferentes do Império Romano, como uma mostra de poder e para reaproveitar estruturas. Eu queria saber exatamente como funcionava o abastecimento de água da cisterna, porque lá de baixo a água pinga e jorra do teto, mas só tinha planfeto em japonês, francês e alemão lá. Além disso, tem vários peixes, o que é bem inesperado. O passeio é muito legal e tem uma atmosfera completamente diferente de qualquer outro lugar que eu fui lá.





Palácio Topkapi e jardins
Quando eu saí da cisterna eu me perdi dos meus amigos e só fui acha-los depois que eles já tinham entrado e saído desse palácio. :/ Acabou que não deu tempo pra eu visitar, mas as pessoas me falaram que é bem bonito e fala muito sobre a história de Istambul e da Turquia. Nesse meio tempo eu fiquei andando pelos jardins ao redor do palácio, que são muito lindos e as pessoas usam como parque. Em um dos lados do parque, que dá vista para o mar, tem um café/restaurante. O atendimento foi uma droga, mas a vista é muito bonita! De lá dá pra ver o lado asiático de Istambul e tomar um chá ou café turco.






Ponte da Gálata
No nosso caminho em direção a ponte nós paramos para comer os tradicionais e deliciosos manjares turcos! Essas lojas de manjares e doces tem em TUDO quanto é lugar, mas nem todos são maravilhosamente deliciosos. Paramos nessa loja por acaso, mas acabou que foram um dos melhores doces que eu provei por lá! O nome é Hafiz Mustafa, parece ser bem tradicional e fica no caminho entre o Palácio Topkapi e a área das balsas. O legal é que a maioria dá pra provar antes de comprar. Eu gostei de quase todos, mas muita gente não gostou de um que era de pistache com alguma coisa a mais que eu não sei o que é - e que é um dos que mais se vê pela cidade. Vale a pena pedir um de cada e depois voltar para levar uns para casa!




A ponte de Gálata, ou Galata Köprüsü, em turco, liga a parte antiga da cidade à parte mais nova, chamada Beyoglu. Ela passa por cima do Chifre de Ouro, um estuário que divide o lado europeu de Istambul. Passamos por essa ponte praticamente todos os dias, já que nosso hotel era do lado de cá e o centro do lado de lá. É uma ponte extremamente interessante. De ambos os lados saem balsas pra tudo quanto é canto de Istambul, o que faz todo o entorno sem bem movimentado. A ponte tem dois andares. No andar de cima ficam vários pescadores, pegando peixes de minúsculos a pequenos o dia todo. Sério, é muito pescador, muito mais do que na ponte da Ilha do Governador. No andar de baixo tem vários restaurantes que, penso eu, cozinham esses peixes. Tem também um mirante de cada lado, mas é um tanto deserto. Passar por essa ponte todos os dias foi uma experiência sociológica bem interessante. :)






Dia 2 - Beyoglu
Museu de Arte Moderna de Istambul
Como bons estudantes de arquitetura que somos, fomos ao museu de arte moderna e contemporânea da cidade, o Istambul Modern. Eu simplesmente adoro museus de arte contemporânea, os acho incrivelmente inspiradores e sempre saio deles com um monte de foto de nome de artista e obra no celular. O museu é relativamente grande, com várias exposições em várias mídias diferentes. A arquitetura também é muito interessante. Primeiro que é um prédio reformado de um antigo galpão industrial, às margens do antigo porto. Além disso, gostei muito de como eles fizeram o caminhar pelo museu e como que os "pavilhões" com exposições de intercalam com vistas para o estreito de Bósforo. Tudo muito bonito e bem cuidado. Lá tem um restaurante/café panorâmico, pra quem quiser aproveitar mais a vista.





Taksim e ruas de compras
Depois do museu tínhamos o dia livre e resolvemos ir para o centro da cidade. Depois de nos perdermos um pouco pelas ruas residenciais, achamos a principal rua de compras de Istambul, a Istiklal Caddesi (caddesi quer dizer rua).



Lá dá pra comprar de tudo, desde óculos falsificados até roupas de marcas. Em uma das ruazinhas transversais, nós comemos uma das melhores comidas da viagem - é difícil dizer que foi a melhor, porque eu só comi comida boa em Istambul! O nome do restaurante é Marko Pasa e ele serve comida típica turca. Na "vitrine" do restaurante fica uma senhorinha fazendo massa de pão, ou seja, sai fresquinho pra sua mesa! Lá, nós comemos praticamente de tudo. As porções não são muito grandes, então se estiverem com muita fome dá pra pedir um de cada e dividir. Foi uma delícia e relativamente barato. Não precisamos jantar nesse dia. :)

OBS.: Essa foto do buraco no chão é do banheiro. Esse é o vaso sanitário tradicional da Turquia e de vários outros países árabes. Uma experiência interessante e muito mais higiênico do que a gente imagina - você não senta em nada, por exemplo.





Depois do almoço fomos andando até a praça Taksim. Pra quem se lembra, essa praça foi palco de diversos protestos, principalmente no ano passado. A praça é um grande descampado, o que explica um pouco essa vocação para sediar manifestações. Me lembrou um pouco o Largo da Carioca, pela quantidade de gente passando de um lado pro outro no mesmo lugar que barraquinhas de comida e gente descansando no horário de almoço.




Torre da Gálata
Seguindo essa rua de compras - que é a mesma onde passam os bondes - em direção ao pé do morro se chega na Torre de Gálata. Em algum lugar nessa descida nós nos deparamos com um dos achados mais legais e não planejados da viagem, uma galeria de arte chamada ARTER. A entrada é de graça e estava tendo uma exposição do Marc Quinn, que eu não conhecia, mas adorei. Ao longo dessa rua, na verdade, existem milhões de achados e lugares legais para parar e tomar um café ou chá turco ou comprar alguma tralha. Quanto mais se desce, mais cheio de lojas de souvenier fica, mas como tudo é bem barato dá vontade de parar em cada uma. Outra coisa legal são as lojas de bolsas de couro, de sabonetes e de instrumentos musicais - tem um monte de dá vontade de parar em todas.

Quase no final dessa rua já dá pra ver a Torre de Gálata - Galata Kulesi, em turco. A entrada é um pouco cara, comparando com outros pontos turísticos, mas vale super a pena subir. Lá de cima se tem uma vista panorâmica de toda cidade antiga e um pouco da parte asiática. Dá pra contar as mesquitas e ver o movimento de gente lá em baixo e no estreito também. Calhou de irmos no pôr-do-sol, o que fez ainda mais especial! Em cima da torre mesmo é um pouco chato, já que é muito estreito e as pessoas ficam paradas no meio do caminho, deixando impossível de se passar. Mas no andar de baixo tem um café, onde dá pra apreciar a vista sentado.








Enfim, ainda tem mais três dias de viagem, mas isso já ficou grande demais. Parte 1, terminada. :)

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