6 de abril de 2014

Assignment 4 - The Urban Block e além!

Antes que faça mais um mês sem eu dar as caras, resolvi tirar o atrasado! O semestre de primavera começou com um novo projeto: Urban Block. Na verdade, ainda em Janeiro, nós tivemos o último projeto do semestre, chamado Local Plan, que consistia em retomar nosso primeiro projeto, o das Utopias, e aprofundar um pouco mais, produzindo mais material e tentando imaginar como seria construído.


Como Janeiro foi um mês bem ruim pra mim e eu não me animei nem um pouco com esse projeto - eu inclusive mudei de grupo, o que fez eu trabalhar com um projeto que não era exatamente meu -, acho que não vale a pena comentar muito sobre isso. Fica aí as nossas pranchas finais:

[ok, eu não achei as pranchas finais, assim que eu achar eu coloco aqui, hehe]

Concurso
Mas o novo semestre começou muito bem! Logo em fevereiro eu e minha amiga norueguesa participamos do concurso 120 Hours, que consistia fazer um projeto em uma semana. O tema era uma instalação que servisse de meeting point e centro de informação num festival de música em Olso, Noruega. Foi muito divertido fazer o projeto e tivemos várias ideias, mas.... Tivemos problemas no último dia e entregamos atrasado, ou seja, não foi aceito. :/ Foi completa falta de organização e é muito triste trabalhar tanto para não ter nem uma avaliação em troca... Mas a gente se divertiu, isso que importa. :)


Workshop
Antes do novo projeto propriamente dito começar, nós tivermos um workshop sobre espaços públicos. Dois dos nossos professores estão escrevendo um livro chamado Atlas of Copenhagen e, como alunos que somos, ficamos "responsáveis" por analisar um espaço público em Copenhagen e redondezas para entrar no livro. Era tudo super formatado e a sensação que a maioria teve foi de que eles estavam empurrando o trabalho chato para a gente fazer. Foi bem rápido e não tão difícil, então valeu a pena para ter seu nome num livro! Eu fiz um lugar que achei super interessante: uma ponte, a Dronning Louises Bro. O mais legal é que ela não tem nada de especialmente projetado para ser um espaço público, mas as pessoas simplesmente sentam lá nos dias de sol. É um point hipster de Copenhagen.


Introdução ao projeto
Depois disso - finalmente - começamos nosso novo projeto. O primeiro passo foi ir a uma exposição que estava tendo no DAC - Danish Architecture Center, chamada Will it Sustain?. Obviamente, a exposição era sobre sustentabilidade - mas o conteúdo em si não era nada óbvio. O que se propunha lá era mostrar outros lados da sustentabilidade, outras versões do que é uma arquitetura sustentável fugindo do clichê Green is more. A exposição era uma compilação de três diferentes e independentes mostras: Behind the Green Door, The Banality of Good e Shifts. A Shifts, a propósito, foi organizada por um dos meus professores, Charles Bessard, e o escritório dele, a Powerhouse Company. A mais interessante pra mim foi a Behind the Green Door e a Shifts - essa última mostrava uma visão mais econômica sobre a arquitetura, explorando um pouco como que a crise de 2008 afetou o mercado arquitetônico.

Behind the Green Door



 

Shifts


Dessa exposição nós deveríamos tirar nosso Sustainable Statement, que deveria guiar nosso projeto até o final e ser de algum modo crítico à visão geral que se tem de arquitetura sustentável, fazer uma reinterpretação. Nesse projeto fiz grupo com uma dinamarquesa, Lena, e uma americana, Erica.

A proposta geral do projeto, então, era fazer uma proposta utópica-realista (?) para um quarteirão da cidade, usando um princípio de sustentabilidade e também fazendo um programa híbrido. Hibridismo nunca foi um conceito muito claro na minha cabeça - acho mais porque eu imaginava ser uma coisa muito complicada e acabou se mostrando algo bem mais simples. Uma professora nossa fez o doutorado dela em edifício híbridos, então tivemos um palestra sobre isso, o que ajudou muito.

Além disso tudo - pois é, as exigências não foram poucas - ainda tivemos que escolher um arquiteto para, literalmente, copiar a fachada. Como tínhamos pouco tempo para o projeto - cerca de 6 semanas - os professores queriam que a gente se concentrasse mais no resto, deixando a fachada uma coisa mais "resolvida". Para isso, a gente usou a ideia da Miesology, desenvolvida pelo escritório E2A - do qual a gente também teve uma palestra, período passado. A ideia era, então, fazer colagens utilizando o trabalho do arquiteto que nós escolhemos no nosso projeto, tentando resolver a fachada por meio disso.

Desenvolvimento
Prédio e terreno
O terreno do projeto foi a quadra do atual Banco Nacional da Dinamarca, prédio projeto pelo arquiteto Arne Jacobsen e um dos símbolos do modernismo dinamarquês. Na cara dura, era para nós supormos que um incêndio tinha destruído o prédio e então teríamos um terreno livre. Eu e o meu grupo fomos visitar o prédio, mas só dava pra entrar no lobby. E que . É um dos lugares arquitetonicamente mais lindos que eu já vi! A luz entrando pelas fendas na parece era realmente como música e o pé-direito quadruplo só fazia o lugar mais bonito. Ficamos alguns longos minutos ali dentro, sentados nas cadeiras projetadas por Arne Jacobsen e contemplando o espaço. Lindo.

Nós já tínhamos selecionado essa frase da exposição, mas depois da visita ao prédio resolvemos tomar ela como nosso statement:
"First we try never to take down what's is already there." 
 Jean Phillipe Vassal
Arquiteto(s)
Sei que o mais lógico, agora, teria sido escolher Lacaton&Vassal ou o próprio Arne Jacobsen como nossa referência, mas no início acabamos escolhendo Christian Kerez, um dos arquitetos da lista que os professores mandaram. Acabou que isso só atrapalhou a gente e na última semana acabamos mudando para Lacaton&Vassal e tudo passou a fazer mais sentido.

Aliás, se esse projeto me trouxe uma coisa boa foi aumentar meu vocabulário de arquitetura. Tenho a impressão de que certas escolas ficam muito presas a um tipo de arquitetura ou a certos arquitetos e isso acaba nos prejudicando. Na FAU, por exemplo, durante muito tempo eu me senti presa ao modernismo brasileiro, como se essa fosse a única solução "certa"na arquitetura - e isso me acompanhou em doses diferentes de PA2 até PU. Na KADK, por outro lado, o pessoal da minha turma é viciado em SANAA e arquitetura japonesa, o que faz todos os projetos muito parecidos. É tudo clean, minimalista, puro e simples. É bonito na maioria das vezes, mas também acaba ficando sem graça e chato. Só um exemplo, quando um dos professores perguntou quem já tinha ouvido falar do movimento brutalista, só os intercambistas - e nem todos! - levantaram a mão. É, FAU, parece que nossas matérias de história e teoria ganharam nessa. ;)

Programa
Uma das exigências do programa é que houvesse alguma parte residencial. O resto, nós poderíamos escolher livremente - o que quase sempre torna as coisas mais difíceis. Depois de mudar de ideia algumas várias vezes, nós acabamos optando por residencial + hotel (para, e somente para, poder manter o lobby do jeito que estava, haha) + mercado público + parque. Acho que fica mais claro na apresentação.

Conceitos
Basicamente, o nosso conceito era tentar manter o máximo do prédio original que poderíamos. Nós ainda consideramos que teria havido um incêndio, mas em vez de derrubar tudo nós iríamos utilizar o que restou, ou seja, a estrutura de concreto e o granito das paredes. Como o prédio é um banco e tudo quanto é planta e desenho relacionado a ele é confidencial, foi um parto tentar adivinhar como era a bendita da estrutura. Tivemos sorte de achar algumas imagens da construção - em um livro empoeirado no fundo de uma prateleira na biblioteca - e então tivemos que supor a maior parte da estrutura. O fato de ser concreto armado e modernismo ajudou muito, por assim dizer.

Depois desse processo nós começamos a fazer "cortes" estratégicos na estrutura - para deixar mais luz entrar, criar diferentes ambientes e quebrar com a monotonia. Fomos inspirados pelo artista americano Gordon Matta-Clark - alô prof. Fabíola e sua eletiva linda! - e também pelos escritório Lacaton&Vassal. Por fim, tentamos fazer um mix de novo e antigo, mantendo mais antigo do que novo e brincando com essas linhas tangentes onde os dois se encontravam. Nosso conceito geral foi de prateleiras com objetos, onde os objetos seriam nosso programa inserido na estrutura existente - a estrutura do programa, inclusive, era independente e removível.

Projeto final
A maquete final ficou meio infantil, mas estava meio de acordo com o resto da nossa apresentação. No final o atrito dentro do grupo estava ficando insuportável - gente que não sabe se comunicar e não entende o que os outros falam é difícil -, então eu só queria terminar tudo isso logo. A apresentação final foi muito bem, todos os professores gostaram muito de tudo o que nós mostramos. Mais um 12 para a coleção. :)
[aliás, isso é uma coisa estranha, as notas na Dinamarca vão de -3 a 12. Vai entender.]





E a apresentação final!


Minha opinião
Diferente de outras partes desse intercâmbio, eu não me lembro de ter tido nenhum insight ou epifania nesse projeto. Aprendi bastante sobre photoshop e como criar uma história para o design, mas nada muito profundo. Acontece. Hahaha

Mas ficam aí algumas frases dos professores durante as apresentações:

"Se você vê uma obra-prima da arquitetura e não sente nada, se o prédio não fala com você e não te passa nenhum sentimento, talvez você não devesse ser arquiteto."

"Primeiro você pensa: quero fazer uma casa de vidro. Aí você procura todas as maneiras possíveis de fazer isso, até que se percebe que não é possível - ou então, que é possível. Não se deve mudar uma ideia, um conceito, antes de explorá-lo e tentar achar um solução. Não é para abandonar um projeto no primeiro problema que encontra."

"Quando você atinge o limite do projeto - porque você não pode resolver todos os problemas do mundo - você pode se libertar e realmente entrar de cabeça no projeto, nos detalhes."


Depois desse projeto, fomos na nossa study trip para Istambul! :) Foi lindo e tudo mais, e agora voltamos e começamos a fazer o último projeto do ano, o Bachelor, que é, para os estudantes dinamarqueses, o TFG deles. É, fazer o que.

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